Do Sindicato Solidariedade à queda do Muro de Berlim
Enquanto Jimmy Carter intensificava as negociações para limitar a produção de armas nucleares, a URSS estava às voltas com graves problemas econômicos internos e enfrentava contestações ao seu domínio dentro de seus satélites europeus.
Em 1979, começava a surgir na Polônia um movimento sindical, a partir da cidade de Gdansk, que deu origem ao sindicato Solidariedade, tendo como principal líder o operário Lech Walesa. Tratava-se de um movimento reivindicatório, por melhores condições de vida, e, ao mesmo tempo, político, questionando o modelo de gestão soviética e requerendo maior liberdade política.
Era a terceira grande contestação ao domínio soviético, depois da Hungria e da Tchecoslováquia. Mas, diferente das anteriores, essa ocorria num momento em que a capacidade da URSS de reagir já era significativamente menor, em função de suas crescentes dificuldades econômicas.
Mesmo assim, o governo soviético procurava tirar partido desse momento de indefinição da política externa norte-americana, buscando ampliar sua influência em algumas regiões. Em 1980, os soviéticos invadiram o Afeganistão, visando apoiar um governo comunista na região. Em represália, o governo Carter adotou sanções econômicas contra os soviéticos.
Entretanto, já era tarde para Carter reverter a sensação de que seu governo fora responsável pelo enfraquecimento da posição internacional dos EUA. O efeito disso foi sua derrota na eleição presidencial para o candidato republicano Ronald Reagan.
Em 1979, começava a surgir na Polônia um movimento sindical, a partir da cidade de Gdansk, que deu origem ao sindicato Solidariedade, tendo como principal líder o operário Lech Walesa. Tratava-se de um movimento reivindicatório, por melhores condições de vida, e, ao mesmo tempo, político, questionando o modelo de gestão soviética e requerendo maior liberdade política.
Era a terceira grande contestação ao domínio soviético, depois da Hungria e da Tchecoslováquia. Mas, diferente das anteriores, essa ocorria num momento em que a capacidade da URSS de reagir já era significativamente menor, em função de suas crescentes dificuldades econômicas.
Mesmo assim, o governo soviético procurava tirar partido desse momento de indefinição da política externa norte-americana, buscando ampliar sua influência em algumas regiões. Em 1980, os soviéticos invadiram o Afeganistão, visando apoiar um governo comunista na região. Em represália, o governo Carter adotou sanções econômicas contra os soviéticos.
Entretanto, já era tarde para Carter reverter a sensação de que seu governo fora responsável pelo enfraquecimento da posição internacional dos EUA. O efeito disso foi sua derrota na eleição presidencial para o candidato republicano Ronald Reagan.
Mikhail Gorbatchev, a Perestroika e a Glasnost
Outro dado contribuiu sensivelmente para essa mudança na belicosidade dos EUA. Em substituição a Chernenko, morto em 1985, assumia o poder na URSS um líder surpreendentemente jovem, se comparado a seus antecessores: Mikhail Gorbatchev.
Embora sempre tivesse sido um membro da burocracia dirigente, Gorbatchev era fruto de um novo momento, no qual o colapso da economia e a ineficiência da máquina burocrática não mais podiam ser ocultados. Herdando uma situação interna caótica, na qual a produção soviética era incapaz de sustentar as demandas do país em qualquer setor no qual a tecnologia fosse minimamente necessária, e às voltas com o risco de que a ineficiência administrativa provocasse a fome generalizada no país, Gorbatchev tinha clara a necessidade de amplas reformas em todos os níveis da vida do país.
Gorbatchev sabia, acima de tudo, que seriam necessários pesados investimentos na modernização tecnológica, o que requeria recursos que o país teria que tirar de algum setor. A única opção seria reduzir drasticamente as despesas monstruosas do Estado com o setor militar, o que implicava não apenas na redução da capacidade ofensiva do exército como também no desmantelamento da máquina repressiva interna, com o enfraquecimento de órgãos como a KGB, fundamentais para a repressão aos focos de descontentamento.
Assim, Gorbatchev tinha claro que seria impossível uma reestruturação econômica sem uma reestruturação política. Essa é a razão da indissociabilidade dos dois programas por ele estabelecidos: a Perestroika (reestruturação, utilizada no sentido econômico) e a Glasnost (transparência em russo, significando uma maior abertura política, com a liberalização do regime).
Gorbatchev empreendeu um amplo processo de desmontagem da estrutura repressiva, incluindo o fim do regime de partido único e a redução drástica dos poderes da KGB. Ao mesmo tempo, reduzia drasticamente a presença de tropas soviéticas nos países da Europa Oriental, reduzindo assim o controle soviético sobre eles.
Os efeitos foram imediatos, tanto interna quanto externamente. As reformas internas geravam oposição de todos os setores, da velha guarda do partido descontente com o que era visto como a negação do comunismo, e de setores que queriam um apressamento das reformas em direção à restauração pura e simples do capitalismo. Ao mesmo tempo, o enfraquecimento da máquina militar, através da qual a URSS mantivera o domínio sobre o Leste Europeu, gerou um rapidíssimo processo de desmontagem da Cortina de Ferro.
Entre 1989 e 1991, todos os países do Leste Europeu passaram por revoluções internas que varreram os antigos governos comunistas apoiados pela URSS. Além de Hungria, Polônia, Tchecoslováquia, Bulgária e Albânia, casos mais graves ou emblemáticos foram representados pela Alemanha Oriental e pela Iugoslávia.
Na Alemanha Oriental, o colapso do regime foi atestado pela queda de Eric Honecker, ao mesmo tempo em que caía também aquele que fora o maior símbolo da Guerra Fria, o Muro de Berlim. Em 1991, a própria Alemanha Oriental deixava de existir, tendo sido unificada à Alemanha Ocidental.
Na Iugoslávia, o fim do governo Tito, ao mesmo tempo em que a URSS deixava de ter a força de outros tempos, provocou as mudanças mais violentas da região. A rígida centralização mantida pelo regime comunista foi eliminada, abrindo espaço às lutas nacionais que geraram a desintegração da federação e também uma série de conflitos nacionais, étnicos e religiosos. Esses conflitos geraram a independência da Eslováquia, da Croácia, da Bósnia-Herzegovina e também os movimentos separatistas na região de Kosovo.
Uma nova era se abria. Mesmo com a queda de Gorbatchev, originalmente a partir de um golpe desfechado pela direção do partido comunista, mas rechaçado por um amplo movimento social liderado por Boris Yeltsin, o fim do regime soviético era irreversível.
A derrota soviética foi largamente empregada como um símbolo do triunfo dos ideais capitalistas. A ausência de um adversário poderoso consolidou mais do que nunca a posição dos EUA no cenário mundial, posição que só encontra, atualmente, focos isolados de reação, como o fundamentalismo islâmico e algumas posturas de líderes como Hugo Chávez ou Evo Morales, incapazes entretanto de neutralizar a preponderância norte-americana e seus frutos mais diretos no campo econômico: o neoliberalismo e o processo de globalização.
Embora sempre tivesse sido um membro da burocracia dirigente, Gorbatchev era fruto de um novo momento, no qual o colapso da economia e a ineficiência da máquina burocrática não mais podiam ser ocultados. Herdando uma situação interna caótica, na qual a produção soviética era incapaz de sustentar as demandas do país em qualquer setor no qual a tecnologia fosse minimamente necessária, e às voltas com o risco de que a ineficiência administrativa provocasse a fome generalizada no país, Gorbatchev tinha clara a necessidade de amplas reformas em todos os níveis da vida do país.
Gorbatchev sabia, acima de tudo, que seriam necessários pesados investimentos na modernização tecnológica, o que requeria recursos que o país teria que tirar de algum setor. A única opção seria reduzir drasticamente as despesas monstruosas do Estado com o setor militar, o que implicava não apenas na redução da capacidade ofensiva do exército como também no desmantelamento da máquina repressiva interna, com o enfraquecimento de órgãos como a KGB, fundamentais para a repressão aos focos de descontentamento.
Assim, Gorbatchev tinha claro que seria impossível uma reestruturação econômica sem uma reestruturação política. Essa é a razão da indissociabilidade dos dois programas por ele estabelecidos: a Perestroika (reestruturação, utilizada no sentido econômico) e a Glasnost (transparência em russo, significando uma maior abertura política, com a liberalização do regime).
Gorbatchev empreendeu um amplo processo de desmontagem da estrutura repressiva, incluindo o fim do regime de partido único e a redução drástica dos poderes da KGB. Ao mesmo tempo, reduzia drasticamente a presença de tropas soviéticas nos países da Europa Oriental, reduzindo assim o controle soviético sobre eles.
Os efeitos foram imediatos, tanto interna quanto externamente. As reformas internas geravam oposição de todos os setores, da velha guarda do partido descontente com o que era visto como a negação do comunismo, e de setores que queriam um apressamento das reformas em direção à restauração pura e simples do capitalismo. Ao mesmo tempo, o enfraquecimento da máquina militar, através da qual a URSS mantivera o domínio sobre o Leste Europeu, gerou um rapidíssimo processo de desmontagem da Cortina de Ferro.
Entre 1989 e 1991, todos os países do Leste Europeu passaram por revoluções internas que varreram os antigos governos comunistas apoiados pela URSS. Além de Hungria, Polônia, Tchecoslováquia, Bulgária e Albânia, casos mais graves ou emblemáticos foram representados pela Alemanha Oriental e pela Iugoslávia.
Na Alemanha Oriental, o colapso do regime foi atestado pela queda de Eric Honecker, ao mesmo tempo em que caía também aquele que fora o maior símbolo da Guerra Fria, o Muro de Berlim. Em 1991, a própria Alemanha Oriental deixava de existir, tendo sido unificada à Alemanha Ocidental.
Na Iugoslávia, o fim do governo Tito, ao mesmo tempo em que a URSS deixava de ter a força de outros tempos, provocou as mudanças mais violentas da região. A rígida centralização mantida pelo regime comunista foi eliminada, abrindo espaço às lutas nacionais que geraram a desintegração da federação e também uma série de conflitos nacionais, étnicos e religiosos. Esses conflitos geraram a independência da Eslováquia, da Croácia, da Bósnia-Herzegovina e também os movimentos separatistas na região de Kosovo.
Uma nova era se abria. Mesmo com a queda de Gorbatchev, originalmente a partir de um golpe desfechado pela direção do partido comunista, mas rechaçado por um amplo movimento social liderado por Boris Yeltsin, o fim do regime soviético era irreversível.
A derrota soviética foi largamente empregada como um símbolo do triunfo dos ideais capitalistas. A ausência de um adversário poderoso consolidou mais do que nunca a posição dos EUA no cenário mundial, posição que só encontra, atualmente, focos isolados de reação, como o fundamentalismo islâmico e algumas posturas de líderes como Hugo Chávez ou Evo Morales, incapazes entretanto de neutralizar a preponderância norte-americana e seus frutos mais diretos no campo econômico: o neoliberalismo e o processo de globalização.
A queda do muro de Berlim.
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